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“VIVA A UNIVERSIDADE COMO ALGO IMPRESCINDÍVEL PARA VOCÊ”

Titular do Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos (LQFPP), a professora Olga Lima Tavares Machado guarda com carinho aquela que poderia ser chamada de “certidão de nascimento” da UENF: um folder datado de novembro de 1992 – quase um ano antes da aula inaugural, de agosto de 1993 – convidando para os primeiros cursos de extensão da universidade. Seu nome está ali, ao lado do professor Elias Walter Alves, na coordenação do “Curso de Caracterização de Proteínas Vegetais”.

Jovem doutora em Ciências pela UFRJ, Olga já trabalhava como docente concursada na UERJ e na Universidade Gama Filho. Mas se encantou pela proposta de participar da elaboração do plano estratégico da futura Universidade Estadual do Norte Fluminense, fazendo parte do grupo liderado pelo senador Darcy Ribeiro. Por uma exigência da Constituição Estadual, a UENF teria de ser implantada até o final de 1992, ou deixaria de existir. Por isso havia pressa.

Mais do que ministrar um dos primeiros cursos – ainda na sede da FUNDENOR – Olga iniciou uma trajetória de sucesso na instituição, da qual foi a primeira pró-reitora de Graduação. Sob sua responsabilidade, foram credenciados os primeiros cursos de graduação.  Olga fala com entusiasmo sobre o Ciclo Básico Comum (CBC) – dois anos de matérias comuns, obrigatórias, para todos estudantes. A Universidade do Terceiro Milênio ganhava corpo.

– A gente vivia a UENF de uma forma muito intensa. Muitas vezes, chegavam equipamentos por volta de meia-noite, duas horas da manhã, e ligavam para a gente. Não importava se estivesse numa festa, ou dormindo; eu acordava e vinha para cá. Faz muito bem lembrar esse dinamismo do início, porque a gente veio com uma vontade muito grande de fazer diferente – recorda.

A proposta original era criar uma instituição voltada à pesquisa, com um número reduzido de alunos na graduação. Darcy e todos os envolvidos na criação da “Universidade do Terceiro Milênio”. Todos tinham como foco a formação do pensamento científico.

O tempo, no entanto, trouxe mudanças. A Universidade cresceu e, segundo Olga, o modelo original se tornou inviável, exigindo adaptações. “Não que a gente tenha perdido a qualidade, mas aquele espírito de desenvolvimento científico baseado na experimentação não pôde seguir do mesmo jeito. O conceito máximo que nossos cursos de graduação alcançam, ainda hoje, em diversos sistemas de avaliação, apesar do tempo curto de existência da universidade, evidencia a notória influência do modelo inicial”.

Com a visão de quem assistiu a tudo desde o início, a professora critica a falta de comprometimento com o projeto de universidade por parte de alguns docentes, alunos e funcionários. A crítica, no entanto, soa mais como um conselho. “Eu falo em envolvimento total. Tem que desenvolver projetos de pesquisa, orientar, ministrar aulas, atuar em atividades de extensão. Hoje a gente vê que algumas pessoas não fazem isso com a intensidade e entusiasmo que deveriam. Minha mensagem é: viva a universidade como algo imprescindível para você. Faça com garra, com amor”.

Olga se aposentou no dia 2 de maio de 2013, por tempo de serviço, como professora associada. No dia seguinte, estava recém-contratada pela universidade como professora titular.  Como ela mesmo diz, apenas fechou um ciclo.

– Dou aula hoje nos cursos de graduação e de pós-graduação com o mesmo prazer de quando comecei. Isso não se perdeu. Coordeno três projetos de pesquisa financiados pela FAPERJ que permitem a orientação de seis doutorandos e dois alunos de iniciação científica. Oriento seis bolsistas jovens talentos, dois graduados em projetos de extensão, relacionados à melhoria das escolas públicas na região Norte Fluminense (também pela FAPERJ) e coordeno o projeto extensão UENF “Alternância – Orientações Alternativas na Prevenção de Transtornos de Ansiedade ” com cerca de 10 participantes – enumera.

Parar não é uma opção. “Eu vivo cada experiência, cada vitória que a gente tem aqui. Acho que essa é nossa missão, exercer o tripé extensão-pesquisa-ensino”.

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