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KÁTIA VALEVSKI: DA CIÊNCIA À POESIA, UMA VIDA DEDICADA ÀS DESCOBERTAS

Apaixonada por plantas, a bióloga e professora Kátia Valevski Sales Fernandes desenvolve diversas pesquisas no campo da biotecnologia, buscando entender o mecanismo de defesa das espécies vegetais.

Para uma de suas descobertas mais interessantes, nem precisou ir longe: em frente ao Campus Leonel Brizola, em Campos, onde integra a equipe do Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos, ela pesquisa uma espécie de leguminosa, com uma propriedade muito peculiar, cujas sementes nenhum inseto consegue comer.

Árvore de origem amazônica, a Clitoria fairchildiana chamou a atenção da pesquisadora e de seus alunos pelo grande potencial. “Quando a gente fala em não ter nenhum inseto capaz de comer suas sementes, isso é muito raro, porque as sementes são muito ricas em nutrientes e, em geral, são alvos primordiais dos insetos. Não ter nenhum inseto nos dá uma porta muito grande de estudos”, explica a professora, que já identificou na árvore proteínas tóxicas ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e da chikungunya.

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Ceará, mestre em Bioquímica pela mesma instituição e PhD em Bioquímica e Biologia Molecular de Plantas pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, Kátia Valevski trabalha na UENF desde 1995. Além do estudo com a Clitoria fairchildiana, desenvolve diversas outras pesquisas, como a proteção de feijões comestíveis contra predadores naturais.

Em sua opinião, muitos dos estudos produzidos na universidade poderiam estar sendo aplicados por empresas, com ganho para toda a sociedade. “Não sei se por culpa nossa ou pelo caminho que a ciência tomou no Brasil, a gente se dedica muito mais às perguntas básicas do que propriamente a tentar uma interação com empresas. Temos dificuldade em transformar ciência básica em ciência aplicada, ou seja, converter resultado em produto. Acabamos nos contentando em publicar artigos científicos”.

A bióloga acredita que as universidades brasileiras precisam avançar no campo das patentes. “Este processo ainda é complicadíssimo. Às vezes, você passa três anos tentando a patente de um produto e o processo caduca antes de chegar à etapa de conversa com as empresas. No exterior, se virem sua pesquisa, eles vão aplicar”, pondera, sugerindo que a UENF implante uma Diretoria de Projetos, com técnicos concursados e especializados na área jurídica e de empreendedorismo.

Mesmo oferecendo dedicação integral à carreira científica, Kátia encontrou na poesia um hobby e uma válvula de escape. Já produziu, inclusive, dois livros de poemas: “Lascas de lembranças – Grutas na memória” (Ed. Penalux) e “Sete amores, setenta e sete poemas” (Ed. Patuá).

– De forma direta, os livros não trazem histórias profissionais. O primeiro é de poemas de amor. O segundo foi escrito na pandemia, no período de reclusão. Foram provocações de memórias da infância no sertão nordestino, com família sertaneja. Para minha surpresa, lembrei de coisas que achava que já não lembrava – diz a bióloga, que agora dedica o tempo livre ao seu primeiro romance.

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