O ano de 2022 é especial para quem luta pela educação pública de qualidade, democrática e libertadora. Ele marca o centenário do nascimento de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, fundadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). E nós, da ADUENF, estaremos ainda mais empenhados em manter vivo os seus ideais.
Nascido em Cruzinha (RS) em 22 de janeiro de 1922, Leonel Brizola se destacou no cenário nacional pela defesa das políticas sociais e da democracia. Foi o único brasileiro a ter governado dois estados (Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro). Liderou a Campanha da Legalidade, que garantiu a posse do presidente João Goulart em 1961. Três anos mais tarde, destacou-se como uma das principais vozes de resistência contra o golpe Militar de 1964.
Exilado por 15 anos, retornou ao Brasil e, em 1982, elegeu-se governador do estado do Rio de Janeiro pela primeira vez, criando um dos projetos mais revolucionários da educação brasileira: os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs).
Mineiro de Montes Claros, nascido em 26 de outubro de 1922, antropólogo por formação, Darcy Ribeiro chegou à educação pelas mãos de Anísio Teixeira, com quem implantou o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) e a Universidade de Brasília (UnB). Foi ministro da Educação e Cultura, em 1962, e chefe da Casa Civil da Presidência da República no governo João Goulart, em 1963. O Golpe de 1964 o destituiu da luta pelas reformas de base e também o levou ao exílio.
Quis o destino que, em 1991, os dois se unissem num grande projeto que ganharia vida no Norte Fluminense. Eleito para seu segundo mandato como governador, Brizola incumbiu a Darcy Ribeiro a missão de implantar a UENF. A “Universidade do Terceiro Milênio”, como o professor mesmo definiu, traria as marcas da inovação, com ênfase na pesquisa e na pós-graduação. Foi a primeira universidade brasileira onde todos os professores têm doutorado. E logo nos primeiros anos de funcionamento já recebeu importantes reconhecimentos nacionais e internacionais.
Darcy nos deixou em 17 de fevereiro de 1997 e Brizola, em 21 de junho de 2004. Mas seus legados continuam vivos. E no ano que marca o centenário de nascimento desses dois líderes, mais do que nunca é hora de regar a semente que eles plantaram.
O ano chega com enormes desafios. A educação e a pesquisa vivem momentos críticos no estado do Rio de Janeiro e no Brasil. Os governos Bolsonaro e Cláudio Castro se mobilizam de forma covarde para cortar direitos trabalhistas. O orçamento de ciência e tecnologia vem diminuindo, chegando ao nível mais baixo dos últimos anos.
Na UENF, as lutas não são menores. A tão sonhada isonomia com as universidades estaduais ainda não se tornou realidade. Direitos adquiridos são sistematicamente descumpridos – entre eles, as recomposições salariais, os enquadramentos e a garantia de 45 dias de férias por ano. A atual gestão descumpre o princípio da democracia no ensino público, desrespeitando a hierarquia dos órgãos colegiados que compõem a Administração Superior. Falta negociação, falta diálogo, sobra desrespeito à organização sindical.
Precisamos manter a chama acesa. Com este pensamento, nasceu a Campanha EM DEFESA DA UENF, que tem como tema “UENF Vive e Pulsa Resistência”. Em 2022, esta campanha ganhará força através de uma série de iniciativas que têm por objetivo resgatar o legado dos fundadores da universidade.
No ano do centenário de Brizola e Darcy, contamos com você na defesa da UENF e de um Brasil melhor!