A segunda etapa da Enquete Nacional Condições de Trabalho e Saúde Docente, realizada pelo ANDES-SN entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025, traz à tona uma dura realidade: docentes da UENF, assim como de todo o país, estão adoecendo diante de um cenário de intensificação do trabalho, precarização das condições laborais e desvalorização da carreira.
Organizada pelo Grupo de Trabalho de Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) do ANDES-SN, a pesquisa aprofunda o levantamento iniciado em 2023 e confirma o que os docentes da UENF já citam cotidianamente nos corredores da universidade: sobrecarga de trabalho, adoecimento e uma rotina de trabalho que ultrapassa os limites do razoável.
Para acessar a pasta com os documentos da Enquete, clique abaixo:
https://drive.google.com/drive/folders/18CZ6RigtZAFKJJR2luFP4-FSpaBTjZn2?usp=sharing
Sobrecarga e exploração: docentes no limite
Os dados não deixam dúvidas: 77% dos docentes da UENF se sentem sobrecarregados. A pressão por metas e prazos atinge 79% da categoria, revelando um ambiente de trabalho extenuante, que desumaniza e compromete a missão da universidade pública.
Precarização estrutural e invasão da vida pessoal
A realidade de múltiplas tarefas que extrapolam as funções docentes atinge 45% dos entrevistados, que acumulam funções administrativas, burocráticas e até de manutenção. Pior: 81% relatam ser constantemente acionados fora do expediente, o que configura uma invasão do tempo pessoal e familiar, tornando o descanso um privilégio cada vez mais raro.
Adoecimento como reflexo de um modelo perverso
Mais da metade da categoria (55%) afirma que suas condições de saúde estão diretamente ligadas ao trabalho. Transtornos de ansiedade, doenças osteomusculares e cardiovasculares têm se tornado recorrentes entre os docentes. É o corpo que adoece, mas é o projeto de universidade que está sendo corroído.
Carreira atacada, salários achatados, docentes endividados
A pesquisa também revela o peso das perdas salariais e dos ataques à carreira: 58% dos docentes relatam estar endividados. O salário já não dá conta das necessidades básicas, e os cortes no orçamento das universidades colocam em risco a própria continuidade do trabalho acadêmico.
Plataformização do trabalho: mais controle, menos autonomia
Desde a pandemia, o uso intensivo de plataformas digitais impôs um novo ritmo ao trabalho docente. Para 38,3% da categoria, as mudanças ocorridas a partir de 2020 tiveram impactos negativos, aprofundando a lógica da vigilância, da produtividade desenfreada e da alienação tecnológica.
ADUENF em luta
A ADUENF reafirma seu compromisso com a defesa da saúde docente, da valorização da carreira e da universidade pública, gratuita, laica e de qualidade. Os dados da Enquete Nacional reforçam a urgência da mobilização da nossa categoria.
É hora de transformar indignação em luta organizada. A direção da ADUENF acompanhará a divulgação completa do relatório e convocará assembleias para discutir ações e estratégias de enfrentamento.
Nossa saúde, nossa dignidade e o futuro da universidade não podem esperar!
Alguns números da pesquisa com os docentes da UENF:
– 77% se sentem sobrecarregados no trabalho profissional.
– 72,1% têm trabalhado além da carga horária referente ao seu regime de trabalho.
– 41,7% usam o e-mail sempre e 38,3% utilizam frequentemente fora do expediente.
– 24,6% trabalham sempre e 36,1 trabalham frequentemente nos fins de semana.
– 44,3% sempre assumem tarefas laborais não específicas do trabalho docente.
– 36,7% consideram insatisfatório o suporte institucional e o apoio pedagógico para o uso de plataformas digitais desde 2020.
– 57,4% têm dividas e financiamentos.
– 50,9% definem sua saúde como regular, ruim ou péssima.