Uma plenária virtual promovida pela Associação dos Docentes da UENF (ADUENF) na tarde da última terça-feira (23/11) marcou o lançamento da Campanha EM DEFESA DA UENF. O tema escolhido foi “UENF Vive e Pulsa Resistência”.
Os objetivos da campanha são questionar a precariedade vivida pela Universidade Estadual do Norte Fluminense, construir coletivamente saídas a curto e médio prazo e chamar a atenção para a defesa dos direitos de docentes, técnicos e demais categorias profissionais durante o período de pandemia e na transição para um possível retorno presencial. O movimento também quer denunciar como os cortes na ciência e tecnologia vêm afetando a universidade e as demais instituições de ensino superior do estado do Rio de Janeiro.
Além de representantes da ADUENF, da Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) e de diversas entidades de defesa da Educação de várias partes do Brasil, a plenária teve a participação do ex-senador Lindbergh Farias e dos deputados estaduais Eliomar Coelho (PSOL), Flávio Serafini (PSOL), Mônica Francisco (PSOL) e Waldeck Carneiro (PT), além de Karine Vargas, assessora da deputada Martha Rocha (PDT).
– Esta luta que a gente lança hoje na UENF é por universidade pública, gratuita e de qualidade. É uma luta pelo orçamento e por mais investimento em ciência e tecnologia – disse a professora Raquel Garcia, presidente da ADUENF, destacando que o debate vai além da questão política e engloba a isonomia das instituições de ensino superior do estado do Rio de Janeiro.
Na avaliação da vice-presidente da Associação, professora Luciane Soares, a campanha em defesa da universidade vem num momento oportuno, em que a instituição se prepara para o retorno das atividades presenciais. “Alguns problemas que nós vivemos na UENF são específicos e outros são gerais. São problemas vividos também em outras universidades, na educação básica e nas escolas estaduais e municipais”.
VISITA À ALERJ – Nesta terça-feira (30/11), diretores da ADUENF iniciam uma série de visitas aos gabinetes de deputados na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O objetivo é buscar apoio para o movimento em defesa da UENF, com foco na isonomia, autonomia universitária, valorização dos profissionais e aumento nos recursos destinados à instituição.
DEPUTADOS APOIAM O MOVIMENTO
Participante da plenária virtual, o deputado estadual Eliomar Coelho (PSOL) criticou o descaso do Governo do Estado em relação à UENF. “Eles não entendem o que a universidade significa para a região onde está instalada e seu entorno. É o conhecimento levado para o interior – esse interior que sempre foi menosprezado pelos governos do estado do Rio de Janeiro, infelizmente. Eu quero me somar e me solidarizar à luta de vocês. Não tenham a menor dúvida que estamos juntos e vamos vencer”.
– Como sobreviventes que somos, a partir da produção de conhecimento, a partir da universidade, a partir da ciência, a gente tem a missão de continuar essa luta em defesa incondicional de todo o serviço público – ponderou Mônica Francisco.
A parlamentar do PSOL considera fundamental a luta pela garantia de uma sociedade que respeite a produção acadêmica, a ciência e a necessidade de garantir fomento à ciência e tecnologia para responder às necessidades do povo. “A gente se coloca inteiramente à disposição, agradecendo também a luta de vocês. Seguimos firmes, juntos e juntas”.
O deputado Waldeck Carneiro lembrou que um dos maiores problemas estruturais enfrentados pelas universidades estaduais do Rio de Janeiro é a falta de uma política que garanta isonomia nas condições de trabalho de professores e servidores técnico-administrativos da UENF, UERJ e UEZO. O parlamentar cita a diferença, por exemplo, nos valores de benefícios como auxílio-tecnológico, auxílio-alimentação, auxílio-creche e auxílio-saúde, que precisa ser combatida.
– No centenário de Darcy Ribeiro, a ser celebrado no ano que vem, espero que a UENF possa viver sob outras condições, com os duodécimos constitucionais sendo praticados, com autonomia universitária sendo plenamente respeitada pelo Governo do Estado e, sobretudo, com as condições objetivas de trabalho e formação de professores e servidores técnico-administrativos praticadas de maneira a dignificar e valorizar esses quadros – pontuou Waldeck Carneiro.
Na avaliação do deputado Flávio Serafini, presidente da Comissão de Educação da Alerj, a atual política do Governo do Estado é de discriminação, dividindo os servidores das universidades para enfraquecer a resistência. “O que a gente precisa é se fortalecer para enfrentar esses ataques. E se fortalecer significa necessariamente que quem está à frente da instituição precisa saber ouvir, criar condições para que o diálogo aconteça e respeitar os órgãos colegiados. Neste sentido, a gente também está junto para tentar cobrar e fazer com que isso aconteça”.
O ex-senador Lindbergh Farias também participou da plenária e disse que está junto na luta em defesa da UENF. “A gente não aguenta mais isso que está acontecendo. A universidade é alvo, a ciência e a tecnologia são alvos dessa política que está aí. Não é só resistência, é enfrentamento. E nós sabemos da importância, para o Rio de Janeiro, da UENF, que foi criada por Darcy Ribeiro”.